É interessante pensar que um robô, hoje em dia, consegue fazer compras, recomendar produtos, consultar suas informações pessoais e até atender um cliente. Muitas empresas que apostam nos chatbots para entregar a melhor experiência para o cliente, também investem em personas que consigam realizar um atendimento humanizado com chatbots.
Certamente, ao pensarmos na figura de um chatbot, contato inteligente, ou uma inteligência artificial, por exemplo, (ainda) não é a imagem de um ser humano que nos vem à mente, não é mesmo? E então eu lhe pergunto:
Mas, antes de partirmos para o “como fazer”, gostaria de te convidar a pensar, sobre outras duas questões:
1. Por que prover um atendimento humanizado via chatbot?
2. Quando prover um atendimento humanizado via chatbot?
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Por que prover um atendimento humanizado via chatbot?
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Uma pesquisa da Gartner, de 2017, mencionou que em 2020, 85% de todas as interações que um consumidor tiver com uma empresa, não será por intermédio de um humano. Além disso, a pesquisa também ressalta que o mercado global de chatbots passará de $1.34 bilhões de dólares em 2024.
Sendo assim, já deu pra entender que o primeiro motivo é: chatbots estão se consolidando como um dos principais canais de interação cliente-marca.
Outro motivo pelo qual as empresas adotam o atendimento humanizado via chatbot como estratégia de comunicação, é a capacidade que eles têm de fidelizar o consumidor e construir uma relação de confiança. Esse tipo de atendimento tem o potencial de aprimorar a experiência e a relação do cliente com a marca.
O terceiro ponto é a possibilidade de aumentar a receita da empresa e reduzir os custos de operação. Levando em consideração que um chatbot online consegue acompanhar de forma amigável a jornada de compra de inúmeros clientes ao mesmo tempo, temos um potencial de redução – e até eliminação – da necessidade de intervenção de agentes humanos no processo de comunicação.
Agora que já elencamos alguns dos motivos para a adoção do atendimento humanizado com chatbots, podemos partir para o “quando”!
Quando prover um atendimento humanizado com chatbots?
Apesar da crescente popularização da humanização dos atendimentos virtuais – a exemplo de agentes como AliMe, o assistente da gigante chinesa Alibaba e Kora, especialista virtual da Coca-cola – existem alguns pontos de atenção antes de pensarmos em utilizar essa solução:
- A expectativa do usuário: quando humanizamos um atendimento virtual, é esperado que o chatbot tenha, pelo menos, as mesmas ações e reações básicas que um humano conseguiria. A chave aqui é conseguir trabalhar bem as ferramentas de inteligência artificial e integrações dentro do bot, para que ele se comporte de maneira similar a um ser humano.
A pesquisadora Rhonda Hadi, da Universidade de Oxford, conduziu alguns estudos para entender em quais situações a humanização de chatbots pode ser uma boa estratégia, e eu vou compartilhar aqui o que aprendi com ela:
- Em uma análise de mais de 1,5 milhões de interações textuais entre clientes e uma companhia de telecomunicações global, a equipe descobriu que a humanização de chatbots aumenta a satisfação do cliente, exceto se ele estiver nervoso.
- A equipe acredita que a humanização de agentes virtuais age como uma faca de dois gumes: ela aprimora a satisfação de um usuário comum, mas também aumenta a resposta negativa para os usuários nervosos.
Em resumo, a provocação feita por Rhonda e sua equipe nos leva a pensar que um atendimento humanizado com chatbots é mais interessante quando o usuário não está descontente com o serviço da empresa. E aqui surge um impasse: como utilizar os benefícios da humanização do atendimento e, ainda assim, prover uma experiência agradável para os usuários descontentes com a empresa?
Agora, portanto, é o momento perfeito para entrarmos na última parte desse texto: como implementar um atendimento humanizado efetivo em um chatbot?
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Como humanizar o atendimento do seu chatbot de maneira inteligente?
Agora que já entendemos porque a humanização de contatos virtuais é interessante para um negócio e, também, quais os melhores momentos para implementá-la, podemos partir para o “como”!
Abaixo estão algumas dicas para não errar na hora de humanizar o atendimento do seu chatbot 👇
1. Tenha uma persona criada
Alguns estudos indicam que marcas personificadas (com características humanas) constroem relacionamentos mais próximos com o consumidor e impulsionam as avaliações gerais dos produtos. Além disso, no campo da tecnologia, acredita-se que as interfaces humanas tendem a aumentar a confiança do consumidor.
Uma importante decisão a ser tomada antes de começar a humanização do seu chatbot é, justamente, quem é a sua persona. Se o bot fosse um ser humano, quem ele seria? É a partir daí que criamos a possibilidade de nos aproximar mais do consumidor, gerar empatia e criar uma conexão com credibilidade.
2. Escolha o tom de voz
O tom de voz é geralmente definido no momento da criação da persona. Apesar de estarmos humanizando um contato virtual, na maioria das vezes não temos o controle de quem entrará em contato pelo canal.
Mantenha uma comunicação clara, que faça sentido com a sua marca e objetivo de negócio. Utilize emojis, gifs e gírias, sempre quando apropriado e, na medida em que fizerem sentido, dentro das interações. Expressões corriqueiras ajudam na sensação de familiaridade e reconhecimento.
3. Defina um fluxo de conversa
Pensar um fluxo de conversa humanizado é tentar simular a conversa entre dois seres humanos. Muito importante lembrar que uma conversa, conceitualmente, ocorre com frases de ambos os lados, que preservam o contexto e fazem sentido no todo.
Para não ter erro, mapeie todos os cenários nos quais o usuário pode se encontrar ao interagir com o chatbot e, posteriormente, entenda quais os direcionamentos de cada um dos pontos. Tente pensar em fluxos curtos que não demandem muitos passos para concluir uma jornada específica.
4. Personalize a interação
Se o objetivo é humanizar os chatbots, não podemos deixar de lado uma parte importante das relações humanas: a memória. Não é uma experiência nada agradável se relacionar com uma pessoa que esquece informações relevantes enquanto está atendendo um cliente.
Usando ferramentas de Inteligência artificial em conjunto com integrações e regras de fluxo, podemos personalizar a interação de usuários recorrentes ao lembrarmos o nome deles, por exemplo. Se estivermos pensando em um bot de compra, podemos lembrar o último endereço de entrega e até perguntar se gostaria de repetir o pedido anterior.
5. Preserve contextos
Uma conversa entre dois seres humanos acontece permeada por contextos. É interessante que um chatbot humanizado consiga entender o contexto de uma conversa e responder assertivamente – veja o exemplo a seguir:
– bot: “você gastou exatos 345 reais em gasolina no mês de julho”
– usuário: “e com restaurante?”
Espera-se que o chatbot seja capaz de responder com o valor solicitado, uma vez que existe um contexto por trás da conversa. Existem algumas ferramentas de NLP no mercado capazes de entender e preservar contextos em conversas de texto, a exemplo do provedor da Google, Dialogflow.
6. Utilize variações de fraseologias
Para dar um ar mais coloquial, você pode programar o seu chatbot para responder de formas diferentes à mesma interação: se um usuário envia “bom dia”, podemos responder com “olá! bom dia!”, “lindo dia, não é mesmo?!” e outras variações similares.
Além disso, dependendo da sua persona, você pode incluir algumas filler words como “hmmm”, “ehhmmm” etc.
7. Mantenha o contato claro e objetivo
Quando estamos humanizando um contato virtual que atenderá todo o tipo de pessoa, precisamos ter em mente que nem todo mundo tem condição (ou interesse) de passar alguns minutos trocando uma ideia casual com um chatbot.
Use a inteligência artificial e o desenvolvimento do fluxo a seu favor! Deixe um escopo definido e garanta que o usuário tenha noção das possibilidades daquele canal – faça isso para ajudar seus clientes a tomarem decisões com mais calma e confiança.
8. Inove nas tratativas de exceção
Tudo bem, a gente sabe que seres humanos são mestres em cometer erros…. inclusive quando estão utilizando um chatbot! Existem diversas razões para o usuário ser encaminhado para uma tratativa de exceção. Em um atendimento humanizado, é importante conseguir ajudar o cliente – ou, pelo menos, deixar claro que estamos tentando! 😅
Uma solução prática é sempre dar um caminho alternativo: o bot, ao invés de apenas dizer que não entendeu, pode complementar com alguma possibilidade de ação, dando a opção de “voltar ao menu”, “ver dúvidas frequentes” ou “falar com um atendente”.
9. Saiba lidar com os esquentadinhos 🔥
Já que constatamos que a humanização de chatbots não tem tanto sucesso com clientes irritados, a saída é identificarmos rapidamente quando um cliente insatisfeito entra em contato. Para isso, temos algumas possibilidades:
1. Implementar um tratamento especial para “textões”
Um usuário insatisfeito, tende a enviar mensagens mais longas para relatar o seu problema. Ao identificar mensagens com uma quantidade determinada de caracteres (que deve ser definida de acordo com cada negócio), encaminhar o usuário para ser atendido por uma pessoa e retirá-lo da interação automatizada.
2. Utilizar ferramentas de IA que identificam o sentimento de uma frase
Atualmente já contamos com algumas ferramentas de inteligência artificial para nos ajudar a identificar o sentimento de uma frase. Ao realizar a análise de sentimentos em momentos específicos do fluxo, podemos fazer com que o chatbot reaja de formas específicas para cada situação, adicionando outras nuances à interação.
Alguns pontos do fluxo interessantes para utilização de análise de sentimentos:
- No início do fluxo – para capturar, logo de cara, os usuários que chegam estressados
- No momento de receber um feedback – se seu bot faz uma pesquisa de opinião com o usuário, poderíamos usar a análise de sentimentos no ponto em que ele compartilha a sua experiência
3. Não utilizar atendimento humanizado em canais que recebam reclamações
Se a sua empresa tem um chatbot específico para ouvir críticas e sugestões dos clientes, não é aconselhável humanizar o atendimento desse canal.
🚀 Dica One Step Beyond: aprimore a experiência do usuário a partir de dados coletados
E não poderia faltar aquela dica de atendimento humanizado com chatbots pra colocar a cereja no bolo!
Nos chatbots construídos no Blip, a plataforma de criação, publicação e gestão de chatbots de Blip, conseguimos implementar trackings para coletar dados dos usuários e das conversas. Esses dados servem para entender melhor o comportamento do usuário e gerar insights de evolução para o fluxo do bot e até mesmo do negócio da empresa como um todo.
Por exemplo: se você identifica um vício de linguagem específico de seus usuários, seria interessante incorporá-lo, também, nas mensagens que seu chatbot envia.
Ou então, se você perceber que seu cliente envia muitas perguntas acerca da persona do bot, como “você é casado?”, “quantos anos você tem?”, existem ferramentas que conseguem identificar e programar respostas específicas para esse tipo de questionamento.
Em suma, para aprimorar constantemente o atendimento humanizado com chatbots, esteja sempre consciente das ações dos usuários no bot, das escolhas mais frequentes e das peculiaridades que aparecem em meio às interações.
Tudo isso te dará insumos valiosos para enriquecer e humanizar de forma cada vez mais assertiva o seu contato!