A comunicação transmídia é uma das consequências do surgimento de novos meios de comunicação. Principalmente nos últimos 20 anos, vivemos avanços no ambiente digital, que nos proporcionaram uma verdadeira revolução.
Mas, o que é transmídia? O que está por trás desse termo?
A internet e o smartphone nos propõe novas experiências de disseminação de informações e consumo de conteúdos diversos de forma muito mais veloz.
Redes sociais como o Facebook e o Instagram possibilitam interação e co-participação de indivíduos na criação e consumo de conteúdo, além de proporcionar impacto em diversos níveis sociais através do acesso livre à informação.
Essa nova forma de produzir e consumir possui características peculiares em relação às antigas mídias como o rádio e a TV, que nos propunham criações de produtos unilaterais. Nesse tempo somente a marca definia o que era consumido e como seria consumido.
Mas afinal, o que é transmídia?
O conceito de transmídia teve sua origem discutida pela primeira vez em 1991, pelo professor Marsha Kinder, da University of Southern California.
Os estudos sobre o conceito foram aprofundados já no início do novo milênio pelo pesquisador Henry Jenkins, autor do livro “Cultura da Convergência” publicado em 2006 pela editora Aleph.
Eu sei que você provavelmente está se perguntando se já não ouviu falar sobre algo parecido antes, mas com outro nome, uma tal de ”Crossmedia”.
Não, não. Não é a mesma coisa.
Os dois conceitos apresentam características bastante divergentes.
Transmídia é a utilização de vários tipos de mídias, usadas de forma estratégica principalmente pela área do Marketing e da Comunicação, onde é criado uma variedade de conteúdos que se completam e nutrem um mesmo universo, trazendo para o indivíduo consumidor a sensação de um mar de possibilidades a serem exploradas de uma determinada marca ou produto.
Em outras palavras, uma estratégia transmídia consiste em contar histórias usando diferentes canais. Mas, diferente do que acontece em crossmedia, esse tipo de estratégia usa diferentes meios para contar uma história, buscando explorar elementos de cada canal.
Para ficar mais claro, vamos utilizar como exemplo a criação de uma campanha para o lançamento de um filme.
Exemplificando Crossmedia e Transmídia
Crossmedia
- Você pode assistir ao trailer do filme na TV durante o intervalo da novela das 8;
- Ou pode assistir ao mesmo trailer do filme, só que no início de uma sessão de cinema;
- E no rádio, você pode escutar o áudio do mesmo trailer durante o intervalo da programação.
Na Crossmedia, a junção das mídias aumentam o alcance de um mesmo conteúdo para um número maior de pessoas. No entanto, todos os conteúdos são praticamente iguais, mas transmitidos em cada meio presente na divulgação.
Transmídia
- No YouTube, você poderá acompanhar trailers do filme, fazer comentários, avaliar outras opiniões, dialogar com outros usuários sobre expectativas, assistir novamente ao trailer a hora que quiser.
- No site oficial do filme, você poderá participar de um quiz que dará ingressos para assistir a trama no cinema na pré-estreia para os primeiros que acertarem as questões.
- No WhatsApp, você pode conversar e interagir com um chatbot de um personagem, construído de acordo com a história, e saber leves spoilers sobre a trama do filme, ter acesso ao trailer e informações sobre o lançamento.
Ou seja…
Em transmídia, o público alvo tem acesso a mais elementos de uma mesma história, mas utiliza diferentes mídias para se aprofundar.
Sim, existe um universo de possibilidades, sem falar sobre videogames, histórias em quadrinhos, instalações, apps etc.
Mas este universo de possibilidades existe graças à Cultura da Convergência, que é outro conceito importante para este artigo.
Cultura da Convergência
Henry Jenkins traduz a transmídia como um fenômeno dentro da convergência de mídias na qual vivemos:
“fluxo de conteúdos por múltiplas plataformas de mídia, à cooperação entre múltiplos mercados midiáticos e ao comportamento migratório dos públicos dos meios de comunicação”.
Ele destaca a impactante transição atual na forma de nos comunicar e de disseminar conteúdo e alinha três acontecimentos que traduzem a convergência midiática:
- As mídias que se completam;
A convergência midiática é vista como um processo cultural e não tecnológico. A narrativa transmídia traduz o conceito de economia afetiva, onde se reflete o comportamento de consumo e uma nova forma de construção de produtos;
- Produção de conteúdo participativa (e não mais unilateral);
O usuário saiu do seu papel de receptor passivo e passa a participar e decidir sobre o conteúdo consumido e produzido;
- Inteligência coletiva;
O consumo se tornou um processo coletivo. Ou seja, é possível compartilhar e complementar conhecimentos de forma autônoma e imediata.
Jenkins acredita que, nos dias de hoje, a união de diferentes tipos de mídias para propagar conteúdo é moldada de forma estratégica e natural.
Introduzir os conceitos de transmídia ao formato de comunicação atual transforma produtos em processos interativos e de conteúdo relevante a seus consumidores, possibilitando empresas e marcas construírem uma relação afetiva e próxima a seus consumidores.
Como fazer uma estratégia transmídia para sua empresa?
Até aqui, você pôde entender o conceito de transmídia. Mas como fazer uma estratégia utilizando diferentes canais, em tempo real?
Escolha os canais estrategicamente
O primeiro passo para essa estratégia é escolher os canais e mídias para marcar presença. Aqui, é importante conhecer bem a buyer persona, para definir que tipo de mídia pode ser utilizada e que fará sentido para o público-alvo.
Tenha objetivos
Uma vez que tenha escolhido os meios para marcar presença, é hora de definir os objetivos. Aqui, vale entender que tipo de mensagem será transmitida para contar histórias. Por exemplo, é hora de saber se a estratégia é para reforçar a imagem da marca ou lançar um novo produto.
Escolha as narrativas
Com os objetivos e canais definidos, é hora de pensar no storytelling. Ou seja, criar uma narrativa cativante e que dialogue com o público desejado. Além disso, é importante que a história a ser contada seja fiel à visão da empresa e, claro, ao objetivo da estratégia.
Defina o papel de cada canal
Nessa etapa, é hora de definir o papel cumprido por cada mídia complementar. Embora a persona deva entender toda a mensagem em qualquer um dos canais, é importante que ela sinta que terá uma mensagem mais completa se conectar os pontos da história em diferentes meios.
Por exemplo, se for uma campanha de lançamento de um produto, após ver um comercial nas redes sociais, a persona pode se sentir instigada a conversar com um Contato Inteligente no WhatsApp, para ter mais informações e elementos da história.
Por fim, é importante pensar na história contada para a persona, pois uma estratégia de comunicação transmídia de sucesso deve fazer sentido para o público alvo. Ou seja, preocupar-se com a linguagem adequada, gatilhos utilizados e montar uma boa narrativa.
Se você entendeu bem o que é transmídia, com certeza fará uma boa estratégia para contar histórias de sua marca. Muito além disso, conseguirá produzir os conteúdos corretos e agregar ao público do jeito certo, no tempo certo.
Um dos pontos mais importantes de uma estratégia de comunicação transmídia é saber escolher bem os canais para difundir as histórias. Por falar em canais, é por meio deles que os clientes conseguirão se comunicar com a sua empresa!